Mãos

Minhas mãos são meus olhos,

Eles têm a cor de minhas mãos,

Mas qual é a cor dos meus olhos?

Tenho meus olhos na grandeza das mãos.

Quando estou no teu abraço,

Sinto a maciez de tua pele e o calor do teu corpo,

Imagino teus olhos, diz-me que são castanhos,

Mas como é o castanho? Não consigo nem por um instante imaginar.

Escuto o aboio,

Ouço o barulho, apenas sinto a aproximação,

Sinto a brisa dos ventos,

A corredeira do rio me soa como um lamento.

Seria minha alma a reclamar?

Não conheço o dia nem a noite,

A claridade e a escuridão não tem a menor importância,

Quando se tem as mãos pra enxergar.