D E U S
D E U S
Tentei fugir de Ti.
Quis me convencer que eras um mito,
Que foste inventado pelos fracos,
Que assim justificavam sua fraqueza,
Invocando-Te como proteção.
Mas os fortes murmuram Teu nome,
Sentindo-se impotentes,
Ante a força do universo.
Tentei Te ignorar.
Afinal, nada Te importa:
Se rimos ou choramos,
Se vivemos ou morremos,
Nada dizes, silencias.
Mas os felizes Te louvam,
Os que choram, são consolados,
Os que vivem Te invocam,
E os que morrem,
Num último suspiro,
Balbuciam Teu nome.
Tentei Te enfrentar.
Tuas normas me sufocam,
Tua lembrança me incomoda,
Não me deixam ser livre.
Mas as crianças brincando,
Me falam de liberdade,
As mães que amamentam,
Refletem o amor que cuida,
O sol e a chuva que fazem a terra germinar,
Me segredam Tua ternura.
Tentei então rezar.
Mas estava cheio de orgulho,
Muito ciente do meu saber
E Te escolhia, por conveniência.
E Tu fugiste de mim,
Me Ignoraste,
E com Teu silêncio,
Me enfrentaste.
Vencido, curvei a cabeça.
Dobrei os joelhos,
Me submeti a Tua vontade,
Humilhei meu coração endurecido
E chorei como criança.
Só então vi a Tua face:
No sorriso infantil,
No olhar meigo do ancião,
Nas mãos abertas para doar,
Nos braços estendidos para o abraço,
No verde das águas que espumam na praia,
No azul engalanado das noites estreladas,
No sol de primavera que adorna as florestas,
Na luz prateada das noites de luar
E no meu coração,
Que sempre ansiou por Ti,
E que finalmente encontrou a paz.
Amém!