O ESTÔMAGO E O CORAÇÃO
Na cidade cizenta de cinzas e cimento
De concreto só existia dor;
Na praça da sé, a fé oscilava por seus monumentos, por algum momento aqueles transeuntes não sabiam ao certo se por ora, alguma oração poderia ter cor.
Duas mulheres que caminham a esmo, mesmo sem se darem conta o quanto dói uma barriga vazia;
Sem nenhuma apatia, Um homem perambula sem a bula do que é sentimento.
Invisíveis a todos ali presentes, o que poderia os unir por certa circunstância?
Seus interesses tão divergentes, poderiam se buscar em comum necessidade por alguma estância?
Todos carentes de se identificarem em meio a multidão de tanto sofrimento,
juntos, encontram na oração o alívio para os seus diferentes e idênticos tormentos.
O acaso ininteligível os fez mais próximos, imantados pela ilógica frequência das afinidades da busca do consolo que não se explica e nem tampouco pode ser compreensível, porém só se é permitido sentir no momento da angústia que os domina o estômago e /ou o coração.
Elas deram o pão, ele orou por elas.
Juntos cumpriram, depois da missa, cada um a sua missão.
E assim ficaram em comunhão.
PEDRO FERREIRA SANTOS (PETRUS)
160717