Dandara

Dandara, as lágrimas são salgadas

Como o mar de Iemanjá

Senta na praia com calma.

Nós estamos a sós

Dandara... Eu que sou feio e fraco

Não protejo nem uma mosca...

Essas mulheres de mão forte

Caçoam de mim, tem pulso firme

É muito duro ser sem sorte

Segura na minha mão Dandara

Que andar à luz é mais fácil

Do teu lado a luz cintila mais clara

Deus me livre e guarde de estar de mãos atadas

Na próxima vez que tu clamar

Espera por mim Dandara

Espera que eu chego lá

Te encontro nos palmares

Teus filhos descendem de Ganga Zumba

Teu marido era o rei dos palmares

Mas tu era a guerreira eterna

Indomável, inquebrável, imortal

Mas agora Dandara

Só na memória eu te sigo

Pela manhã eu te perco

Teu sorriso se esvai como a tenra luz do dia

As noites são longas e frias

Nessa batalha que Deus te tomou.

Mas mesmo quebrada, teu espírito nunca sangrou

Pulaste da pedreira

Mas tenho certeza que Xangô te segurou.

Rosa de Almeida
Enviado por Rosa de Almeida em 13/06/2017
Código do texto: T6025914
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