O invisível.
De todas as coisas que eu tive
E tudo quanto se vive
Inclusive o que não chegou
Penso, reflito, me permito
Perguntar
Será que alguém percebe
Aquilo que não se enxerga
E que se encontra
Incrivelmente visível?
Por que será que todos se negam,
Se recusam a viver somente o agora
Antes que fatalmente
Ele também se vá.
Fechamos os olhos pra vida
Esquecendo
Que num piscar do olhos
Tudo muda.
O passado
Aquele
Que está fadado ao esquecimento
Apinhado de gente vivendo ainda lá
Então eu olho
Pro tempo presente:
Uma linda tarde cor de agora
Terminando
A gente chora
E vai perdendo, displicente
O corrente momento
Um dia que existe
Uma vez somente
Indo embora
Enquanto a gente o ignora
Tentando enxergar
Um futuro inexistente ainda
Que vem chegando
E vem de um túnel muito escuro
Tanta pressa
Coisas desinteressantes
A vida passando aborrecida
Instante a instante
E nós
Numa incessante espera
Vivemos como meros suicídas
Reclamando severa e insistentemente
Nos queixamos da comida,
do marasmo, da vida sofrida
...e o tempo rindo da cara da gente:
Engraçado, como passa depressa
Esta vida sem graça
Mantemos distância
A vivemos por dentro
e de perto
Enquanto aguardamos, sofregamente
A chegada do futuro incerto
Que nos chega a cada instante
Pra depois tornar-se passado
Sem ter sido nem ao menos
Percebido.
Edson Ricardo Paiva