Luz.

Somos prisioneiros da vida

Reféns

de tantas horas perdidas

Somos possuidores

Das melhores formas de sentir

e afligir com as piores dores.

Podendo, porém

infrigir essas regras também

E abrir mão de tudo isso

Viver uma vida

de alegria

Empalidecendo assim

O viço de tanta crueldade

Somente viver

Sem que pra isso

Seja preciso expor a faculdade

inerentemente humana

Em sentir tamanho prazer

na dor que afasta e que engana

Cinicamente

Travestida de outra coisa qualquer

Revestida de brilho

Pouco nítido, à luz da verdade

desprezível

em todas as suas variantes

Pra isso

Precisamos alcançar

Uma porção da simplicidade

que não seja falsa

Andar descalços

nos cantos escuros do próprio coração

Sem necessidade

de exposição ou publicidade

Tentemos pular os muros

Que ao longo dos anos construímos

em derredor ao próprio orgulho

é preciso saber enxergar

A pilha de entulho em que se transforma

A própria arrogância e pretensão

Ladeada por uma longa escada

Sobre a qual subimos

Pra poder nos proteger

e que também distancia

dos sorrisos e dos abraços carinhosos

Que tantos corações

Enquanto enfermos e orgulhosos

concluiam

Não serem precisos

Edson Ricardo Paiva.