Vedanta em versos
Ouça, indulgente irmão
Tudo que vê ou sentes
Que te derrama ou ausenta
Que faz-te pleno
Neste pântano cálido de existência vil:
Não creias nesta quimera infame.
Não creia naquilo que seduz
E conclama o deleite em efêmeras delícias
E põe- te servo de teus membros
E lábios e pecado.
Não mergulhe na infinitude negra
E pastosa dos sentidos.
Desmistifiques o plano da
Organicidade que pulsa em profana efervescência.
Da carne que te causa mil orgasmos
Em um impeto de júbilo imediato.
Que perde-se no eterno lodo
Do tempo congelado em pretérito intangível:
Pois este larga-te com a astúcia
De um abutre que te devoras
A integridade Atmica (sob limites orgânicos)
Do mesmo modo como de súbito surge
E faz emergir teus sórdidos
Raios de selvageria
E de entrega plena
E inocente e escrava
(De infinita e inconsciente submissão servil)
Aos instintos bestiais.
Não, estimado amigo!
Este tortuoso caminho
De vales e penhascos infernais
Cujos regozijos ilusórios
São plenos de posterior penitência e agnomía
E retrocesso animalesco inglório
Não levar-te-á à suprema luz eterna.
Derrama, este espinhoso atalho,
Trevas e desonra.
Impede que te estabeleças
Em peremptório descanso
Na morada final da paz.
Aprende, pois, infeliz existência
(Limitada pelas fronteiras da personalidade
Fera domada engolfada
No lodo do Ego):
A trilha da verdade está, a ti,
Luzindo em doirado brilho.
Cerra teus olhos
Embebidos no vício da carne
E aprende a enxergar sem ver.
E guia-te pela inapagável voz que
Acostumara-te a calar com impiedade
Voz que provém do cerne de teu coração:
Intuição, doce cantar de Brahman.
Segue este sibilar que te impele
A caminhar pelo reto caminho do Dharma.
E degusta, no fim de tua
Jornada imersa em luz e bondade
Do néctar da sutil morada dos eternos.
Deleita-se, pois, sem afogar-te na
Angústia dos finais intempestivos,
Da infinita existência
Integral consciência
E translúcida felicidade
Que edificam a consumação da Unidade Divina.