ABRO OS OLHOS
abro os olhos
e o que vejo
não é a escuridão
da vida carnal,
mas o clarão
da vida espiritual,
onde a morte
não planta
a semente
da ilusão do não
existir, após
o funéreo
sepulcro terreal.
abro-os e sinto
a expansão
do olhar
perispiritual,
e a leveza
do seu alcance
por entre
túneis astrais.
não mais sinto
o peso
do cárcere carnal,
nem as agruras
resultantes
dos vícios infernais.
ando flutuando
num chão
de nuvem da cor
do algodoal.
voo por cima
das frondes e quando
pouso nelas,
me encontro com
almas fraternas.
e é como se nunca
tivesse
me separado delas.
como se a vida
em companhia
delas, fosse
interrompida
só por alguns
instantes do nosso
eterno existir.
é assim que vejo
o meu desenlace.
é assim
que exercito o meu
ensaio de morte.
é assim
que sinto o meu
estar como
espírito desencarnado.
é assim que
vivencio em sonhos,
o meu bem-estar
existencial
em alguma morada
eterna, desejo
inequívoco
de todos nós.
Escritor Adilson Fontoura
e-mail: aafontoura@hotmail.com.br