SALUTARES RAÍZES
Que o vento, adentrando agora pela janela
do meu quarto na plena manhã nublada,
não traga o cheiro fúnebre de quem vela
algum corpo, cuja alma está desencarnada.
Mas caso traga, que eu acolha o seu lamento,
por estar, sem querer, do outro lado da vida;
a sentir, após a morte, o incômodo tormento
de penar umbralino, fruto da vida desvalida.
Traz, vento, as boas energias sentimentais,
tão capazes de restaurar as ações infelizes;
de ser um alívio às dores psíquicas infernais;
de replantar na consciência salutares raízes.
Traz a fé esperançosa do amor que edifica,
acolhendo a alma em sua plena eternidade;
traz essa inspiração poética de pureza lírica,
que o tempo preserva em sua sublimidade.
Escritor Adilson Fontoura