VISITA DO JERÓNIMO

VISITA DO JERÓNIMO

Naquela noite visitou-nos um irmão

Que no centro entrou por curiosidade.

Uma facada durante uma discussão

Obrigou-o a encarar outra realidade.

Seu corpo já não tinha, mas outro possuía.

Nunca quis ir pra a escola e nem estudar.

Se tivesse estudado, ainda mais sofreria

Tendo de viver até velho pra desencarnar.

Nada sabia dos amigos e da sua família,

Não foi artista nem teve outra profissão.

Mas não é por isso que agora se afligia,

Ao ver gente rica roubar, como um ladrão.

Quando jovem vivia como carteirista,

Roubava pra matar a fome e não morrer.

Tinha habilidade e bom golpe de vista,

Para pifar carteiras e poder sobreviver.

Não acreditava no Céu nem no Inferno

E mesmo “morto”, vivia sem trabalhar

Quer o tempo fosse de Verão ou Inverno

Pra comer, só com o nariz tinha de cheirar.

Quanto a falar do nome, não gostava

E então eu disse-lhe, qual era o meu.

Riu-se dizendo, que não se importava

Agora de dizer-me, qual era o seu ….

Não cria que ainda, viesse a renascer,

Havia muito tempo que foi enterrado.

Preferia assim continuar naquele viver

Tinha onde ficar a dormir descansado.

Disse-lhe pra vir mais vezes visitar,

Mas não se mostrou muito interessado.

Tinha onde comer mesmo sem trabalhar

Andava numa boa vida bem consolado.

Quanto a Jesus Cristo, nada sabia…

E pensa não precisar mais, de evoluir.

Via gente sábia que também sofria

E doutores que até viviam sem curtir…

Olha.! Nossos pais são como belas plantas.

Nascem, crescem e dão sementes ao morrer.

Ainda és uma boa semente, de esperança

Que qualquer dia volta à Terra pra florescer.

Deus quis sempre, dar-nos o melhor

Para nos ensinar, enviou o filho Jesus

Nós como ignorantes, somos do pior, e

Acabámos por o sacrificar, numa cruz.

Viver não é apenas comer e envelhecer

Temos ter de sofrer, estudar e construir.

Assim vamos nascer, morrer e renascer

As vezes necessárias, pra poder evoluir.

Pobre irmão, que para lá de si, nada via

Pelo desconhecimento que o bloqueava.

Pra uma nova visita eu o tentava e insistia

Mas nada o demoveu, nem ambicionava.

Disse-lhe que pediria a Deus em oração,

Que o ajudasse a intuir sua divina Luz.

Teria assim amor, ajuda e a inspiração

Para seguir com Fé, o roteiro de Jesus.

Faro, 09 Julho 2016

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Gualberto Marques
Enviado por Gualberto Marques em 09/07/2016
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