Maledicentes
O fato concreto é que o casal não combina.
Na rua o assunto é comentado a boca larga.
Um menino e uma desavergonhada.
Os dois não podem se amar:
Ela é mulher passada do tempo,
ele moço, que ainda precisa madurar.
O povo está com a razão?
Talvez sim, talvez não...
Não custa lembrar daquele ditado:
“Quem vê cara não vê coração”.
Em outro caso, o jovem fora à Índia,
numa jornada espiritual de iluminação.
Quando de retorno, dizem que não trouxera nada.
Será que não encontrou os gurus que esperava?
O seu Mendonça vai ganhar outro neto,
mas a caçula deixou o pobre pai magoado.
Humilde, o namorado está desempregado.
“Por que ela tinha que dar pro cara errado”?
Lamenta o genitor inconformado.
Eis as sentenças:
As velhas perderam o direito ao amor conjugal.
Os jovens, a qualquer tempo, são desajuizados.
Humildade não dá futuro.
A voz do povo continua a ditar os rumos,
enquanto um simples ato maledicente
é algo capaz de erguer um muro.
Quer saber onde está a nobre lição?
Muitas vezes, é preciso calar a boca e abrir o coração.