BORBOLETA NO MANGUEIRÃO
Ah!
Dulcíssima borboleta
abra o fole de tuas asas negro vermelhas
nelas
cada firme veio seco suspende nos ares
meus etéreos
eternos ais.
(...)
Seriam patas esses longos cílios
ou aéreo pêndulo apenas fino?
(...)
Voe sobre o jardim cercado
voe sobre esse mangueirão
esse amplo átrio de barro que se abre largo
para porcos e homens em sua dura redenção.
-
Teu pouso inesperado
sobre este árido casulo
torna irmão toda criatura.
(...)
Ah!
Sereníssima e leve
borboleta
arma teu fole vivo
de cor ressurreta.
Eu não respiro
em agonia indeciso,
antes espero...
...na hora morta
no ruflar de tuas asas
o compasso que nos eleve.
************
Antonio Baltazar Gonçalves