ALMA INFANTE

Da vida se leva?

Leva-se tanto

Quanto se eleva.

Levam-se

O sal temperado

À vida insípida

E a ternura maleada

À alma ríspida.

Levam-se

A cor vigorada

À monotonia do dia

E o tom melodiado

À tropelia do mundo.

Levam-se

O degrau fincado

Ao poço fundo

E o acato rociado

À visão perplexa

Levam-se

A renúncia aceita

Ao amor comodista

E a unidade vista

À ilusão complexa.

Vida:

Mal necessário da alma infante.

Espero um dia ter alma grande

Pra não levar da vida,

Mas vida ter.

(Brasília, 25 de fevereiro de 2016)