Tanta Luz E Eu Continuo Cego
Tanta luz e eu continuo cego.
Se há algo em ti que fala obscuramente, mata-te,
Não atires a tua negatividade para cima de mim, por favor!
Dito isto, começo este poema:
Cada nota que ressoa diz algo sobre si mesma,
Dessa mesma forma de ser, eu invejo.
Não me consigo expressar assim tão claramente como as notas do piano.
Assim que são convidadas a falar sobre si,
Imediatamente elas se abrem e contam-se:
Qual a sua nota,
Mais grave ou mais aguda.
Do dó ao sol,
Cada uma terá a sua denominação,
Cada uma pertencerá à sua própria oitava,
O seu "eu", o seu espaço.
Sabe tão naturalmente dizer quem é.
Eu invejo isso.
O que tenho a dizer sobre mim?
Não tenho nada. Tenho tudo. Não sei o que tenho,
Não sei o que tenho.
Depende do que sentir no momento,
Por isso, digo que não sei o que sou
Porque não sei o que sinto.
Ahhhhhhh! Que confusão!
Não sei. Não sei. Não sei...
E não me perguntem porquê,
Porque também não sei explicar.
A conclusão à qual chego hoje:
Não sei nada sobre mim
E não sei quem sou.
Triste.
Novo tema para desanuviar.
A noite está bela, não está?
Está sim!
E lá estou, outra vez, a falar comigo mesmo!
Que vergonha sinto de mim!
Porra! Porra!
Tomem-me por louco,
E se calhar até sou.
Não sei! Não sei!
Não sei de nada. Nada.
Não me macem com perguntas complexas sobre a minha existência,
Ou então sentir-me-ei cada vez mais confuso e perdido neste mundo.
Parem! Parem, por favor! Parem!
Ahhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!
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Bom, estou um pouco mais calmo...
A partir deste ponto, nada do que vou escrever fará sentido,
Por isso, não tentem encontrar metáforas escondidas,
Significados profundos, seja o que for...
A partir daqui, nada fará sentido.
Convidaste-me para ser contigo alguma coisa,
Essa coisa deverá ser maior do que todo o universo,
Conhecido ou até mesmo desconhecido.
Tenho vergonha em dizer que tudo o que fiz até hoje
Foi menosprezado por quem mais amo.
Sempre senti algum repúdio em falar de mim,
Mas acabo por dissecar qualquer coisa.
Não, agora não vou falar!