A partida
À luz de velas, no velho casarão
lágrimas caiam sem piedade
dor – muita dor
no seu corpo, nos pensamentos sombrios
tão frios
sem norte, sem luar
A partida estava por chegar
na porta sombria
que abria e fechava com o vento
nada mais – não mais restava alento
Pensou na fé (que nunca teve)
no Deus (que nunca sentiu)
no vazio que se instaurou
na sua vida – agora derradeira
Fechou os olhos
acomodou-se no leito
enxergou um resto de vida na luz das velas
e - pela primeira vez - orou
Mesmo com pouca luz
percebeu um clarão na sua direção
agradeceu – chorou
seu ciclo encerrou
(escrita para o Caderno Literário Pragmatha 75)