A partida

À luz de velas, no velho casarão

lágrimas caiam sem piedade

dor – muita dor

no seu corpo, nos pensamentos sombrios

tão frios

sem norte, sem luar

A partida estava por chegar

na porta sombria

que abria e fechava com o vento

nada mais – não mais restava alento

Pensou na fé (que nunca teve)

no Deus (que nunca sentiu)

no vazio que se instaurou

na sua vida – agora derradeira

Fechou os olhos

acomodou-se no leito

enxergou um resto de vida na luz das velas

e - pela primeira vez - orou

Mesmo com pouca luz

percebeu um clarão na sua direção

agradeceu – chorou

seu ciclo encerrou

(escrita para o Caderno Literário Pragmatha 75)

Rosalva
Enviado por Rosalva em 19/12/2015
Reeditado em 19/12/2015
Código do texto: T5485020
Classificação de conteúdo: seguro