PECADOR COMPUNGIDO

Senhor!

Que fazer diante de tanta incerteza,

Quando o céu parece negro,

E a minha oração até fraqueja?

Meu coração se enche de cuidados;

Minha alma se angustia e sofre;

Sem prazer é o meu bocado;

O tempo veloz passa e corre.

Eu pergunto e não me respondes;

Eu clamo e tu não me atendes;

Pois determinaste um tempo, onde

Cessarão os cuidados e o sofrer.

Lembra-te que sou carne;

E que ela não é de ferro;

Talvez antes que o coração sare,

Chegarei à beira do inferno.

Longa é essa noite;

Sombrio o amanhecer;

Como suportar os teus açoites?

Meu sussurro é um gemer!

O inimigo zomba e me aflige;

Lança em rosto os meus pecados;

Eu pergunto: se já me perdoaste,

Por que ainda sou cobrado?

Cessa de contender com esse tição;

Levanta a minha cabeça;

Acolhe logo a minha oração,

Antes que o meu espírito enfraqueça.

Isso faz parte do sofrer por ti;

Sabes até onde posso suportar;

Com a tentação dá-me o escape,

E não me deixa soçobrar.

Rememoro a cada instante

As promessas que me fizeste;

Faço reivindicações incessantes:

Quando vai isso acontecer?

Prova-me até o fim,

Mas não me priva do teu espírito,

Pois não tenho outro no céu por mim;

Quem me assista em juízo.

Ah! Senhor, vão é o socorro do homem;

Maldito quem nele confiar;

Por isso minha alma se consome,

Mas eu prefiro em Ti esperar.