Choro-te
Se te sentes só,
Sente-me.
Descobre quem eu sou.
Se não encontrares nada,
Sou eu, esperando-te.
Se encontrares meu espírito,
Fá-lo arrepender-se de ter morrido.
Fá-lo envergonhar-se de ser comigo
Um monte de nada.
Que se faça tudo o que odeio,
Porque assim é o mundo.
Tudo o que existe,
Deixa agora de existir.
Choro-te.
Rio-me.
A tua desgraça finge-se
Para eu não ver.
Rir de ti e de mim,
Uma gargalhada para tudo isto,
Embora, encravada,
Para não levarmos a mal.
Procuro algo que não encontro.
Se encontrar, estou morto.
Hás-de ver o que vejo,
Mas preferia que sentisses
O que não sinto.
Todas as lágrimas que caem
São deixadas a morrer,
E só ficamos tu e eu.