Choro-te

Se te sentes só,

Sente-me.

Descobre quem eu sou.

Se não encontrares nada,

Sou eu, esperando-te.

Se encontrares meu espírito,

Fá-lo arrepender-se de ter morrido.

Fá-lo envergonhar-se de ser comigo

Um monte de nada.

Que se faça tudo o que odeio,

Porque assim é o mundo.

Tudo o que existe,

Deixa agora de existir.

Choro-te.

Rio-me.

A tua desgraça finge-se

Para eu não ver.

Rir de ti e de mim,

Uma gargalhada para tudo isto,

Embora, encravada,

Para não levarmos a mal.

Procuro algo que não encontro.

Se encontrar, estou morto.

Hás-de ver o que vejo,

Mas preferia que sentisses

O que não sinto.

Todas as lágrimas que caem

São deixadas a morrer,

E só ficamos tu e eu.

Sérgio Peixoto
Enviado por Sérgio Peixoto em 19/11/2015
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