Oficina dos Anjos
Oficina dos Anjos
Teares tecendo
Em santo silêncio,
Tecidos crescendo
Em calmo consenso.
Cadê os obreiros,
Cadê os rendeiros?
As fibras são gestos,
As linhas anseios,
As rendas ideias,
A fazenda a soma do gênio.
Não vês fiandeiras,
Não vês tecedeiras.
A obra recebe a sua bainha,
O Mestre as vê,
O Mestre as lê,
E a Terra a encaminha.
Some o pano,
Só fica um véu
Que mergulha no térreo oceano,
Guardando saudades do céu.
As fibras e rendas,
As linhas, fazendas
Se tornam obreiras,
Se tornam rendeiras.
Cadê as fibras,
Cadê as rendas?
Não vês mais as linhas,
Não vês mais fazendas.
Obreiras do Mestre,
Rendeiras o vestem,
A senda fiando,
O mundo encaminhando.
Nico Brodnitz