Oficina dos Anjos

Oficina dos Anjos

Teares tecendo

Em santo silêncio,

Tecidos crescendo

Em calmo consenso.

Cadê os obreiros,

Cadê os rendeiros?

As fibras são gestos,

As linhas anseios,

As rendas ideias,

A fazenda a soma do gênio.

Não vês fiandeiras,

Não vês tecedeiras.

A obra recebe a sua bainha,

O Mestre as vê,

O Mestre as lê,

E a Terra a encaminha.

Some o pano,

Só fica um véu

Que mergulha no térreo oceano,

Guardando saudades do céu.

As fibras e rendas,

As linhas, fazendas

Se tornam obreiras,

Se tornam rendeiras.

Cadê as fibras,

Cadê as rendas?

Não vês mais as linhas,

Não vês mais fazendas.

Obreiras do Mestre,

Rendeiras o vestem,

A senda fiando,

O mundo encaminhando.

Nico Brodnitz

Nico Brodnitz
Enviado por Nico Brodnitz em 25/08/2015
Código do texto: T5359196
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