PARENTA MINHA

PARENTA MINHA

A sabedoria, não clama por ventura?

E o entendimento não faz ouvir a sua voz?

Junto ao caminho, no cume das alturas,

Nas encruzilhadas das veredas se coloca.

À entrada da cidade, junto às portas,

A vós, ó homens, clamo, e também a vossos filhos;

Justas são todas as palavras da minha boca;

Ouvi, vós, porque coisas excelentes profiro.

Aprendei, ó símplices, a prudência;

Entendei, ó loucos, a sabedoria;

Aceitai a minha correção e não a prata,

Não há nelas coisa tortuosa ou perversa.

Eu, a sabedoria, com a prudência habito;

Meu é o conselho, e a sabedoria verdadeira.

Odeio o mal, a arrogância e o mau caminho;

Eu sou o entendimento, minha é a fortaleza.

Por mim reinam os reis,

E os príncipes coisas justas decretam,

E os nobres,

Sim, todos os juizes da terra.

Eu amo os que me amam,

Os que de madrugada me buscam me acharão;

Melhor que prata escolhida é minha renda;

Riquezas e honra comigo estão.

Eu Sou do Senhor sua obra primeira,

O Princípio dos seus feitos mais antigos;

Desde a eternidade fui constituída,

Antes de tudo, desde o princípio.

Antes de haver abismos fui gerada,

Antes que os montes fossem firmados;

Nem havia fontes cheias d’água;

Eu nasci antes dos outeiros.

Não existia a terra com seus campos,

Nem o princípio do pó do mundo;

Quando se firmavam do abismo as fontes,

Quando Ele fixava ao mar o seu termo.

Pois antes dos outeiros eu nasci;

Estava quando Ele preparava os céus;

Tudo eu presenciei e vi,

Até quando Ele fixava ao mar o seu termo.

Estava com ele ao seu lado,

Sendo cada dia a sua delícia;

Alegrando-me perante Ele em todo o tempo,

Por tudo que Sua mão fazia.

Portanto, filhos, ouvi-me e sede sábios;

Felizes são os que guardam os meus caminhos;

Feliz o homem que ouvidos me dá,

Atentando para tudo que lhe ensino.

O que me achar achará a vida,

E o favor do Senhor alcançará;

Mas o que contra mim se atira,

Mal a sua alma fará.

Quem me odeia, ama a morte;

Condena-se a cova quem me rejeitar.

Salomão escreveu de mim

Segundo lhe concedeu o Senhor;

Falou quando sábio, sim,

Ainda assim ele pecou;

Pois não atentou, e no fim

Transgrediu e prevaricou.

Se à sabedoria chamares tua parenta,

E ao entendimento, teu amigo íntimo,

Se a buscares como a prata,

E a procurares como a tesouros escondidos,

Então o conhecimento de Deus acharás,

E entenderás: eqüidade, justiça e juízo.

Escrito está no seu livro:

Provérbios oito no capítulo todo.

Medita versículo por versículo;

Aplica-te nela e não sejas tolo.