Samsara

A virtude eleva o homem

A um estado casto.

Os anos que lhe somam

São os anos que lhe passam,

Que se passam por anos

Ditos iluminados.

A idade que lhe monta

Faz pesar o fardo.

Rosto castigado.

Corpo fatigado.

Cabeça de gado.

Elevado

Em estado de graça.

(Nome e sobrenome

Limpos na praça)

Olha o horizonte à tarde,

Não consegue ver o sol

E disfarça.

Sorriso amarelo faltando dentes.

Mas não pode esconder a vergonha

Da dúvida que foi sua vida.

Não se encontra mais entre sua gente.

Não consegue se esquecer numa risada.

Não se permite cometer pecado.

(Um pecado!)

Não se acha justo.

Não se perdoa

Por ter se perdido

Nas coisas do mundo.

Busca certo alívio

Ao se lembrar de tal frase,

Que o trabalho dignifica o homem.

Deveria então estar tranquilo.

Virtude será morrer em paz

Consigo.

Pois Deus já lhe conhece bem demais.

(Contrito)

A vida: seu preparo para a morte.

Com sorte, sem dor

Maior do que a que lhe corrói.

Que é mais

Do que apanhar diariamente;

Do que foram suas dores de dente.

Seu fracasso:

Ter acordado tardiamente.

(Ou estava escrito?)

Já não mente a verdade.

Busca outras virtudes como passe,

Sua moeda para a volta,

Pois a ida é o que lhe aguarda,

Sem alarde.

Sua oração é um mantra:

A palavra paz.

(Suave...)

Já que em verdade vos digo,

Em verdade

Nunca lhe existiu felicidade.

EuMarcelo
Enviado por EuMarcelo em 31/05/2015
Reeditado em 11/07/2015
Código do texto: T5261788
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