No ar derrapante do tempo
Ah, esse barco longe
Que não é meu
Esse vento que te sopra
Sopro meu que não é
Este poema sem rima
É a disritmia do meu coração
Uma breve oração sem santo
E sem pedido de perdão
Ah, essa pipa dançante
No ar derrapante do tempo
Um vacilo no ar
Sou menino tentando manejar
A sobra das horas
Que ainda me restam pra viver
Pra quê tantos olhos
Se com eles fechados
É possível enxergar o clarão necessário
Que ilumina os caminhos tortos
Do meu coração
Ah, minha flor
Desculpe-me o tormento
Preciso nascer
Preciso me acrescentar neste mundo
Ausentar-me da lua
E bater na sua janela em plena madrugada
Acordar-te com meu violão
E desassossegar a vizinhança
Ah, se fosse eu o dono de mim
Mas deveria
Não sei quando me perdi
Ou pra quem me vendi
E se estou à revenda em alguma venda
...Só se encontra o que se perde
E o impreciso é preciso
Pra poder na corda do mundo equilibrar
Diante a platéia atenta