Ego e Espírito
Se gritas, teu corpo treme e, trôpego,
Sofre sem entender o próprio sofrer...
Nesse ego o espírito segue, sôfrego,
Como se o corpo fosse inepto no viver...
Quer escapar do corpo ao qual pertence,
Fluir, fugindo do mundo à menor chance;
Desejando, livre, ir seguindo além,
Crendo que o corpo, preso, está sempre aquém...
Vê incoerência, mas o medo é sem razão,
Então, cesse a ira, freia essa rebelião!
Agora a vida só requer empenho,
E algum dia, apreciará todo o engenho...
O corpo por vezes parece um entrave,
Mas a pequena morada a alma envolve,
Servindo até o fim com nobre humildade,
Pr'a que a alma mostre a plena divindade!
Então, rompe a aflição p'ra ter sossego,
Depois da ruptura advém o aconchego...
Ama e cuida do corpo, esse tênue véu,
Pois ele abre as asas que elevam ao céu!