Telepatia Tétrica
Telepatia Tétrica
Ele olhou para mim,
Dizendo não falando:
- Está quase na hora
De sermos intangíveis.
Eu perguntei calado:
- Mas tu és tão mais velho,
Porque devo ir contigo
Se sou eu tão mais novo?
Respondeu-me ele mudo:
- Não mereces sofrer,
Nem sequer ser punido
Pela má tempestade.
Dediquei-me a cismar
Com o que não falara,
Apesar de entender
A complexa retórica.
Mas tive de volver
À pergunta já feita,
E saiu-me da boca
Um novo eco da mesma.
Ele ouviu-me de novo…
Olhando-me sereno,
E mais empedernido
Afoitou-se assertivo:
- Este não era o plano
Que antes de ser traçaste!
Não te vão permitir
Ultimar a escultura.
O mal vai diluir
A tua dimensão;
Os homens vão matar-te
Porque perder não sabem.
Só te resta partir
De forma prematura;
Mas não partas sozinho
Pela tua vontade!
Hão-de te vir colher
Ainda antes do tempo
(O que devias ter
Para tudo assinar).
Ao ouvir isto olhei-o…
Despedi-me sorrindo.
Ele permaneceu
De igual forma quieto.
Depois… apenas disse:
- Não tentes encontrar-me
Nem me vás procurar!
Voltaremos a ver-nos.
André Rodrigues 2/2/2015