Eterna Floresta

Mergulhei profundamente naquele

Lago sereno de águas turvas

E nele permaneci imerso.

Sob o tênue espelho d'água

Eu vi o reluziar do céu,

Da Lua e de estrelas aos montes.

Fechei meus olhos mas

Ainda sim eu via a luz,

Eu via o espelho d'água...

Eu via a mim mesmo.

Então cerrei a segunda

Pálpebra e imergi no mais

Absoluto silêncio e na

Mais opaca escuridão.

Senti meu corpo levitar,

Como que flutuando no ar

E nada mais senti.

Vi uma luz preencher-me

Os olhos cerrados e ouvi

Milhares de vozes silenciosas

Cantando sem emitir uma nota.

Meu corpo esva seco,

Leve e descoberto...puro(?)

E o frescor de frondosas

Árvores milenares tocaram

Minha pele, meu rosto.

Neguei-me a abrir os olhos

Pois vira várias formas

Dançando um estranho ballet

Ao som de sua própria música.

Fui impelido a dançar também,

Como se eu vibrasse ao som

Daquela silenciosa música

Que (não) era emanada ali.

Uma forma ígnea pousou

Entre minhas mãos que

Se erguiam, gratas por

Algo desconhecido, inexplicável.

Percorri toda a floresta,

Acompanhado daquela forma

Ígnea, vibrante, minúscula...

Aquela criatura ígnea me

Alimentava, matava minha sede,

Aquecia-me ternamente...

Jamais deixei aquela floresta.

Meu corpo era tão somente uma

Forma alva, cheia de serenidade,

Que emanava uma música própria...

A música da Eterna Floresta.