LIMPEZA GERAL
Levanto-me nu em uma manhã de chuva,
nu de qualquer rancor contra você alguém,
vou banhar na água que cai do chuveiro,
ficar limpo das mágoas que não fazem bem...
Pela valeta corre parte de minha sujeira,
e a água escorrendo molha todo terreiro,
serosidade lixiviada do meu corpo inteiro,
agora destinada a ser esquecida no bueiro...
Desponta o sol verdadeiro das sete horas,
me enxugo e também enxugo o banheiro,
percebo que por mim em partes choras;
e eu te retribuo com um choro inteiro...
Para limpar as nossas sujeiras espelhadas,
não basta só o banho superficial e externo.
Nem as águas que passam e são levadas.
e nem há sabão que nos limpe o corpo interno!