Amargo regresso
Na partida para longa jornada,
As culpas me açoitavam,
A consciência e a alma.
Cansada entreguei-me sem
Resistência.
Aos percalços do caminho pedregoso.
Fiquei estacionada longo tempo.
Presa no mesmo pensamento.
Entregue num ato vergonhoso.
Descendo as portas do meu inferior,
Provando tudo: tristeza, dor,
Sofrimento, solidão, desamor.
Sorvendo o fel e o amargor.
Senti-me no instante final
No esquecinento total.
Tentando ganhar coragem,
Para seguir difícil viagem.
Não queria abrir os olhos cansados.
Com medo de ter segredos revelados.
Entre culpas e medos aprisionados,
Sepultei a esperança dos naufragados.
Séculos passaram num segundo.
Ate que um sol de repente
Derreteu as camadas frias do tempo,
E minha alma antes prisioneira,
Pode sentir calor acolhedor.
Nesse instante em mim floresceu
A vontade de evoluir e reviver
E esquecer tanto sofrer.
Tristes memórias ainda conservo
Uma história toda num só verso.
Viver, dormir, acordar, renascer,
Comecar de novo o caminho.
No principio a gente se sente,
Como um estranho no ninho.
Conquistar novos espaços,
Escrever capítulos completos,
Transformar antigos desafetos,
Em calorosos e fraternos laços.
Para não termos desfolhadas,
As pétalas da esperança,
E um futuro sem bonança.
Seria desastroso, triste, confesso.
Por isso ao Criador hoje peço,
Nao deixe-me só a errar,
Preciso de tua luz e do teu amor,
Para nao ter um amargo regresso.