HÁ UMA VOZ EM SURDINA
Há uma voz em surdina
Entoando canção fenomenal,
E a noite, com lágrimas de neblina,
Chora em antigo vitral.
Tem o canto uma força tal,
E meu desejo é que ele ondule
Como bailarina em festival
Com seu saiote de tule.
De onde vem essa voz menina?
E essa canção sonora, triunfal?
Vêm do sonho de paz que domina
Esta mulher a Deus leal.
Meu coração pede que circule,
O estribilho diferencial,
E que nunca estridule
A voz da cigarra do mal.
E me chegou essa voz menina,
Neste momento de vendaval
Em que andamos em corda fina
Acima dum chão de cristal.
Solfeja mesmo que a maldade ulule,
E se tentar me alcançar a mão fatal
A força da cantata fará que eu pule
O largo precipício de coral.
10/09/05.