A Imortalidade Perdida

O sonho equívoco da perpetuidade da vida,

Para além do céu estrelado pirilâmpico,

Pelas constelações serpenteando agnóstico,

Na procura vã de recolher à minha ermida.

A falência do bem incorrupto paradisíaco,

O maniqueísmo que subsiste em nós,

Interpretado na secular vivência a sós,

No dealbar de um devaneio afrodisíaco.

A filosofia da humanidade absorvida,

Diz-nos sem hesitações o caminho,

Irreversível para um fim sozinho,

Intransigente sem contrapartida.

A utopia da salvação e eternidade,

Difundida até à exaustão em delírio,

Idolatrando a alma em martírio,

Amordaçando o facho da liberdade.

Lisboa, 21-9-2013

Paulo Gil
Enviado por Paulo Gil em 28/07/2014
Código do texto: T4900534
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