O Encontro
Despe-te duma vez por todas,
Deixa a carteira em casa,
Esvazia a mente,
Silencia-te agora,
Resguarda-te do próximo.
Desiste dos sonhos,
Esquece o passado,
Larga a família,
Não enalteças o Sagrado,
Desampara-te de ti.
Agora ouve sem nada ter para escutar,
Vê a noite escura esperar,
Percepciona o existir relativo,
Deixa-o diluir no cosmos absoluto.
Sente a insustentável leveza do ser,
A esvair-se lentamente no tempo,
Esse espaço-tempo que ocupas,
Erraticamente numa vida,
Num enxame de elementos,
Primordiais e perenes.
Encarnas-te a consciência do universo,
Anseias partir no seu âmago,
No encontro do Eu com o Todo,
Tão natural e simplista afinal,
O tão diabolizado encontro final.
Lx, 14-11-2010