O Encontro

Despe-te duma vez por todas,

Deixa a carteira em casa,

Esvazia a mente,

Silencia-te agora,

Resguarda-te do próximo.

Desiste dos sonhos,

Esquece o passado,

Larga a família,

Não enalteças o Sagrado,

Desampara-te de ti.

Agora ouve sem nada ter para escutar,

Vê a noite escura esperar,

Percepciona o existir relativo,

Deixa-o diluir no cosmos absoluto.

Sente a insustentável leveza do ser,

A esvair-se lentamente no tempo,

Esse espaço-tempo que ocupas,

Erraticamente numa vida,

Num enxame de elementos,

Primordiais e perenes.

Encarnas-te a consciência do universo,

Anseias partir no seu âmago,

No encontro do Eu com o Todo,

Tão natural e simplista afinal,

O tão diabolizado encontro final.

Lx, 14-11-2010

Paulo Gil
Enviado por Paulo Gil em 28/06/2014
Código do texto: T4862302
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