Horas Certas

Que bom saber,

Ter o Sol hora marcada,

Para nascer.

Que bom saber,

Ter eu hora marcada,

Para morrer.

Que bom saber,

Não ter o vento hora certa,

Para soprar.

Que bom saber,

Não ter o vento direcção certa,

A tomar.

Que bom saber,

A alvorada preceder o dia nascer,

Tão quente.

Que bom saber,

A noite preceder a minha alma padecer,

Tão demente.

Que bom não saber,

Nada de nada,

E vaguear na estrada.

Que bom não saber,

Onde nos vai levar,

Nem quando lá chegar.

Que bom não saber,

Haver alguém a acenar,

A vir-me esperar.

Que bom não saber,

O caminho da entrada,

Nem ter mapa de chegada.

Que bom não saber,

A rudeza da caminhada,

E de nunca ser lembrada.

Que bom não saber,

Nada de nada,

Só ver o dia nascer por nascer,

Só ver o anoitecer por anoitecer,

E o vento soprar por tudo e por nada.

Lx, 8-8-1999

Paulo Gil
Enviado por Paulo Gil em 15/06/2014
Código do texto: T4846302
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