REFLEXÃO POÉTICA
Nem sempre o que escrevo
vem da paisagem exterior,
mais fácil de ser apreendida
pelo olhar poético carnal;
pois bem mais difícil
é visualizar a minha paisagem
interior, quando somente
em sonho fico mais íntimo
do meu eu espiritual. Assim,
como a poesia me transcende,
preciso sonhar para compor
a maioria dos meus versos,
que brotam da oculta
paisagem espiritual; preciso
sair do meu corpo físico,
para sentir a vida espiritual
em meu derredor, quando
então, fora de mim, me vejo
compondo, usando a minha
energia espiritual. Um momento
singular de duas vidas distintas
em dois mundos existentes,
que se auxiliam coesas
à vivência transcendente
da criação literária; aproveitando
da experiência onírica, preciosas
maravilhas surreais latentes,
como se já estivesse livre
e distante de minha vindoura
realidade funerária. Posto que,
o poeta que se preza, faz poesia
valorizando os encantos
naturais das duas realidades
existenciais: a da alma
na efêmera vida carnal; e dela
própria na eterna vida espiritual.