ALMAS NO RIO

Olho absorto para o rio,

e o vejo em mim fluindo;

a minha alma vai saindo,

de mim à água corrente;

e se junta à outra gente,

no fundo do rio sombrio.

E o vejo em mim fluindo,

como quem viaja ao eterno

mas não deseja o inferno;

nesse rio apenas cultivo,

o Bem como preceito vivo

do Criador em mim agindo.

A minha alma vai saindo,

do meu corpo para o rio;

o rio no tempo está frio

e toda gente me agasalha,

na água que não encalha;

água-amor para mim rindo.

De mim à água corrente,

segue minha alma pelo rio;

vai unir-se ao mar bravio

aonde habita outra gente,

de alma salgada e quente,

como o sol em pleno estio.

E se junta à outra gente,

que antes se nutria do rio

e não havia nenhum fastio;

mas agora, no grande mar,

vive essa gente a lamentar,

do doce rio no mar presente.

No fundo do rio sombrio,

ficou o meu corpo silente;

e o meu perispírito sente,

a alma pedindo pra voltar;

pra no meu corpo se alojar,

não no mar, mas no doce rio.

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 01/06/2014
Código do texto: T4827935
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