Alma Sufocada
No cair da noite piam corujas agourentas
Almas sufocadas rompem as catacumbas
Doloridos espinhos, nostalgia dilacerante
Odor ocre, paredes caladas, mundo vazio.
Do campo santo ecoam sonoros lamentos
Vultos disformes brotam de todas tumbas
Rasgam a madrugada no breu agonizante
Em vão procuram aquecer gélidos corpos.
Entre antigos rosários e amareladas velas
Mãos escarnadas comprimem frias contas
Disformes perdem-se em gritos delirantes
Rotineiramente o dia engole restos da noite
Murchas coroas adornam insaciáveis larvas
Que implacáveis reduzem o homem ao nada.
Ana Stoppa.