Alma Sufocada
 

No cair da noite piam corujas agourentas
Almas sufocadas rompem as catacumbas 
Doloridos espinhos, nostalgia dilacerante 
Odor ocre, paredes caladas, mundo vazio.

 

Do campo santo ecoam sonoros lamentos 
Vultos disformes brotam de todas tumbas
Rasgam a madrugada no breu agonizante
Em vão procuram aquecer gélidos corpos.

 

Entre antigos rosários e amareladas velas
Mãos escarnadas comprimem frias contas
Disformes perdem-se em gritos delirantes

 

Rotineiramente o dia engole restos da noite
Murchas coroas adornam insaciáveis larvas
Que implacáveis reduzem o homem ao nada.


 

Ana Stoppa.

 
 

 
Ana Stoppa
Enviado por Ana Stoppa em 22/05/2014
Código do texto: T4815391
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