Para os Cancerianos, O Mar e o Amar
Olha pra si e já não se reconhece, veja! O que tem feito consigo mesmo... Não deveria.
Diga pra si mesmo onde doí, diga. Não deveria, não deveria.
Não sofra, esconda-se em sua carapaça! Funcionou até hoje.
Eu sei que doi fingir ser um deles, fingir tudo.
Quase não sobra você.
Mas por mais duro que é o golpe, aguenta. A carapaça resiste, ela o fez chegar aqui.
Não seja risonho como o geminiano. Não seja teatral como o Leão.
Não tenta ser ponderado como o libriano, tampouco inabalável como o Escorpião.
Isso não te pertence.
Ao canceriano é confiado o mistério e o coração, o mistério do coração.
Você é aquilo que ninguém vê, aquilo que está coberto, aceita que mesmo aqueles que ficarão anos ao seu lado talvez nunca descubram, esteja certo.
Contudo, verdade seja dita, a luz do sol nunca te faz justiça. Deixa que te vejam de relance, sobre a tênue luz da lua, que tão pouco ilumina, deixa que forcem a vista a sua procura, pois a noite é sua e você é dela. Essa é sua beleza, seus corredores em que tantos se perdem tentando encontrá-lo, seus mares profundos, suas marés.
Escuta os demais, mas quando teu coração quiser falar, cala-o. Faça-o calar.
De todos os mistérios, eis o que será mais difícil de guardar: Tal é tua sina. Não dê asas a teu coração, não o deixe voar, amordaça e aquieta o que ele tens pra falar. Guarda o sofrimento, todo e o de calar, guarda.
Pois como todo bom mistério, tu moras na noite, habita no silêncio.
Cala-se, faça calar.
Mas antes, fala baixo ao pé de meu ouvido, o que sabes sobre amar.
Pois disso, ninguém sabe mais, nem nunca saberá.