BUSQUEI DEUS
No cântico de minha alma
No canto dos passarinhos
Na canção que me acalma.
Busquei Deus
Na revoada das andorinhas
No olhar perscruto das garças
Na suave voz do vento
Nos braços que a vida abraça.
Busquei Deus
No sorriso da criança
No colo que eu embalava
Nos filhos que meus não são.
Busquei Deus
Nas flores da primavera
No desnudar do outono
No aconchego do frio
E no aquecido verão.
Busquei Deus
No meigo cãozinho doméstico
Nas abelhas e seu mel
No miado do gatinho
Nas gaivotas que voam ao léu.
Busquei Deus
Na sabedoria das águias
No Fênix que se renovou
Nas asas que aquecem o filhote
No ovo que o conclamou.
Busquei Deus
Na beleza que a coruja vê
No lamber animal à cria
No cavalo que geme o fazer.
Busquei Deus
No agreste da manhã
No colorir do dia
Na luz do entardecer.
Busquei Deus
No espaço entre o sol e a lua
No pontilhar das estrelas
No prateado luar
Encontrei Deus
No meu caminhar seguro
No meu olhar mais puro
No curso das águas do rio
No seu encontro com o mar
Encontrei Deus
No trabalho da formiga
Na cigarra que se desliga
Na beleza do seu cantar.
Encontrei Deus
No meu jeito de enxergar
No meu modo de agir
Na ternura do meu amar.
Encontrei Deus
No uivo dos lobos ferozes
Na ira de um Pit Bull
Nos ferrões das doces abelhas
Nas mordidas dos marimbondos
No veneno da serpente
No animalesco da gente.
Encontrei Deus
No maremoto que desata
No terremoto que mata
No avião que perde a rota
No sofrimento que o mundo suporta.
Encontrei Deus
No choro da despedida
Na morte por nós temida
No sofrer de um coração
Na saudade do abraço
Na dor nossa e do irmão.
Encontrei Deus
No bêbado que vai ao chão
Na escuridão do cego
Na solidão do idoso
Na sofreguidão da infância
Na vida que esvai em vão.
Encontrei Deus
Como alquimia de tudo
De amor, dor e bondade
Que é luz até na maldade
Que a vã consciência vê.
Encontrei Deus
Na semelhança da Sua imagem
Na minha centelha divina
Que é fonte do meu viver.
Encontrei Deus
No controle da potestade
Um Deus que não cede deidade
Pois só Ele é poder.
Deus é
A razão da vida
O aplacar da fome
Mas é também a própria fome
Que incita plantar o chão.
Deus é
A força da natureza
É o joio que está no trigo
É o trigo que faz o pão.
Deus é
A fertilidade da Terra
O tempo da espera
Necessário a fruto são.
Deus é
A presença ausente
A ausência também presente
Na onisciência de ser.
Deus é
A luz guia do cego
O esteio do olho que vê.
Deus é
O véu de uma cachoeira
É a chuva que cai rasteira
Nos pingos tapetes do chão.
Deus é
As folhas que dançam ao vento
A música e o movimento
Que espalha os novos grãos.
Deus é
A minha grafia
Está em todas as letras
Retirando a nostalgia
E com Sua poesia
Afasta-me da solidão.
Deus é
O renovo da vida
O caminho
A direção
É amando-O
Que eu me amo
E me faço de modelo
No amor que estendo a mão.
Entendi Deus
Quando fugi das regras
Da vil religiosidade
Do medíocre valor do ter
Quando O vi
Como única verdade
E toda a capacidade
No divino do Seu Ser.
Entendi Deus
Ao perceber meu papel
Que é somente Nele crê
Respeitar a Sua vontade
Sem questionar o por que.
Não procuro mais por Deus
Ele mora dentro de mim
Sua presença é difusa
Inexplicável e confusa
Na sombra e luz do meu ser.
Está nas minhas entrelinhas
Na fé que me conduz e alinha
E anátema não quero viver.
Deus é meu sentir mais belo
Da minha vida é o elo
Que faz eu não me perder.
Sem Deus não haveria dor no mundo
Pois não existiria mundo
Apenas um insuportável calor.
O fogo perderia o sentido
De lapidar bruto ouro
Fazendo do ser humano
Uma joia de valor.
DEUS É TODA BONDADE
Em Seus atos não há maldade
Dele é o meu louvor
DEUS É PAI
E educa os filhos
Com Seu beneplácito amor.