GENTIL SENHOR
MEU PRIMEIRO TEXTO PUBLICADO NO RECANTO DAS LETRAS EM 2009
Quem fostes tu, Gentil Senhor,
em outra era?
inverno ou primavera?
algoz? ou foi perdão?
Creio eu, Gentil Senhor
fostes mesmo um algoz,
fizestes as leis com sua voz,
maltratastes a tantos que o serviam,
pobres, humildes; não mereciam,
pagastes o amor com teus maltratos,
do amor não deixastes sequer um rastro,
não conhecestes o amor de fato,
fostes rude, perverso em teus atos,
levastes a dor à tantos filhos de Deus,
não perdoastes sequer os filhos teus;
mero sandeu, triste tirano
não notastes, mas tua vida foi um engano.
E então, Gentil Senhor?
Que o orgulho e a tirania
como tudo acabaram-se um dia,
e à que serve teu orgulho em outra esfera
se apenas as mazelas
te fizeram entender a própria insânia,
revistes das sombras tua infâmia,
chorastes, quisestes voltar atras;
é... Gentil Senhor, tarde demais,
sofrestes eu sei, dores cruéis
de tua riqueza insana, imensa e desumana
não levastes, dedos e nem anéis.
Bem vindo, Gentil Senhor, ao lar,
voltastes, eu sei, já consagrado,
pobre, humilde, humillhado,
de teu, restam apenas as quimeras,
serves hoje a um daqueles que o servia (doce ironia)
e a quem tanto maltratastes,
é... Gentil Senhor
as vidas são de contrastes,
tens hoje por direito a sonhos
pequenas aquarelas,
são por tanto coisas belas,
já andas a bons caminhos por este lado,
certamente, fostes perdoado,
portanto Gentil Senhor;
siga em paz sua querela,
porque enfim... és primavera.