O DIREITO À VIDA - II
O ABORTO
(À Amiga Célia)
Enquanto o pobre feto debatia
E a bolsa d’água, por Deus, não rompia
O escroque caminhava de arma em punho:
Jaleco branco representa a paz
Os malditos enchiam coliseu
Cristãos e feras, mas o povo hebreu
Soluçava e sorria a lá Caifaz!
O feto não vivia em nosso mundo
Por interesses não, jamais podia.
Unicamente para a covardia
De uma agulhada com veneno imundo
E aos pedaços depois — musse de amora —
Sofrer o desprezível bota-fora
Num sanitário de cambrone fundo.
Será que o escroque recebeu reais?
Afinal nem barulho o feto faz
A agulhada do escroque satanás
Impede-o de viver um pouco mais.
Despedaçado, aos poucos vai saindo
E, Ó Deus! Há gentalha que está rindo
E um ser humano não existe mais!
Senhores, este é o aborto que a lei quer?
Que lei? De Deus? Dos homens? lei de quem?
Esta é a lei do salvar-se quem puder?
Lei que todos só falam, mas ninguém
Descarta o mal e só discutem bem
Dos interesses de homem, da mulher!
E enquanto isso os gendarmes CONTRA A VIDA,
Às escondidas vão matando em vão.
Mas... amanhã, a prova já vencida
Eles hão de ter triste escuridão
Entre cobras na dor mais dolorida,
soluçando a existência já perdida
Com a morte do feto e a perdição.
Então nada mais importa.
O feto é já coisa morta!