Viagem astral como socorrista....
Por mares revoltos plainava minhálma
A ver o Farol na tormenta, fanal.
E as ondas nervosas
Quebravam na praia.
Lavando as pedras
Em banho brutal.
Eu era espectro
Do corpo despido
Mentalmente, além
Era conduzido
Sozinho, e ninguém
Me via, no umbral.
A choupana velha, se balanceava
A mercê do vento
Da procela brava
E o velho lá dentro
Por certo chorava.
De palha e sapê
Era a habitação
Que estava a mercê
De tal provação.
"Sai aqui, velhinho
Se não você morre!".
Respondeu baixinho:
" O Morto, não corre".
Triste o torvelinho
Brava escuridão.
O mar infinito, bramia medonho
Trovões esquisitos
Com raios tristonhos
A realidade, que não era sonho.
Submergida foi
A cabana soturna
Engolida em tragos
por horrível furna.
O farol luzia
A luz era fraca
E no mar gemia
Destroços duma barca.
"Volta, vai menino,
sus correi daqui!.
Que é triste o destino
De quem vive aqui.
Mente em desatino
A se iludir!".
Voltei, sim, voltei
Lá não quero ir.
O velho pescador
não pude acudir,
Pois sua mente mesma
Não o deixa sair!
THOMAS SALDANHA, Natal 26 de outubro de 2013.