FOMES
Que Deus proveja a fome
Da ânsia do meu verso!
A fome que aqui trova
Na rima do anverso.
Que Deus proveja a fome
Que foi erradicada,
Aquela que aqui dorme...
À beira da calçada.
Que Deus proveja a fome
Que foi ludibriada,
Aquela que carcome
A vida abençoada.
Que Deus proveja a fome
De toda consciência!
Aquela que implode
Em triste decadência.
Que Deus reveja a fome
Da materialidade...
Aquela que consome
O cerne das vaidades.
Que Deus proveja a fome
Que enfraquece o espírito!
Aquela que dissolve
O dom do livre arbítrio.
Que Deus proveja a fome
De toda a realidade
Aquela tão disforme!
Ao bem da humanidade.
Que Deus proveja a fome
De toda a Justiça...
Ao peregrino Homem
A cuja fé atiça.
Que Deus proveja a fome
De fé, pelas andanças...
Aos mais longínquos cantos
Proveja a esperança!
Que Deus proveja a fome
De toda caridade!
Mas não a que promove
A tanta inverdade.
Que Deus proveja a fome
Que foi erradicada
Aquela que hoje explode
Na História encenada...
***
Nota da autora: poesia em trova também é oração.