Desencarnados encarnados
Semblantes de todos os tipos.
São rostos chorosos, marcados.
Cleros, crenças, fés diversas.
A palavra prega, ao passo que as lágrimas fazem das frestas dos rostos suas corredeiras; despencam até o lenço debruçado sobre o colo ou se espalham pela palma da mão que esfrega o rosto molhado choroso.
A canção instrumental, espiritualizada, faz aquela cabeça aconchegar sobre o ombro que está ao lado. Há quem levante e beba água; senão resta engolir a saliva que já nem habita a boca seca.
Negros, pardos, brancos, bugres, amarelos, mamelucos, cafusos, todos, unidos e despidos de exatidões cotidianas.
Uns na busca da mensagem no levitar do pensamento em prece,
Outros distantes e sonolentos após o dia exaustivo.
São quase dois corpos a ocupar o mesmo espaço.
Qualquer lei da física dá espaço às leis do desencarne.
Os mentores espirituais ocupam os assentos do céu, vigilantes. À matéria, resta o andar de baixo, e ocupa todos os cantos do salão.
Por trás das janelas uns estão em forma de porta retrato até.
Pela desobsessão,
Pelo perdão,
Todos lá estão.