Desencarnados encarnados

Semblantes de todos os tipos.

São rostos chorosos, marcados.

Cleros, crenças, fés diversas.

A palavra prega, ao passo que as lágrimas fazem das frestas dos rostos suas corredeiras; despencam até o lenço debruçado sobre o colo ou se espalham pela palma da mão que esfrega o rosto molhado choroso.

A canção instrumental, espiritualizada, faz aquela cabeça aconchegar sobre o ombro que está ao lado. Há quem levante e beba água; senão resta engolir a saliva que já nem habita a boca seca.

Negros, pardos, brancos, bugres, amarelos, mamelucos, cafusos, todos, unidos e despidos de exatidões cotidianas.

Uns na busca da mensagem no levitar do pensamento em prece,

Outros distantes e sonolentos após o dia exaustivo.

São quase dois corpos a ocupar o mesmo espaço.

Qualquer lei da física dá espaço às leis do desencarne.

Os mentores espirituais ocupam os assentos do céu, vigilantes. À matéria, resta o andar de baixo, e ocupa todos os cantos do salão.

Por trás das janelas uns estão em forma de porta retrato até.

Pela desobsessão,

Pelo perdão,

Todos lá estão.

Demétrio Peixoto
Enviado por Demétrio Peixoto em 19/08/2013
Reeditado em 19/08/2013
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