Quinta Palavra

Não me digas nada mulher,

Sei que é Sexta-Feira Santa, e que bebi

Me dizem nossa mesa, a garrafa

E esta carteira de cigarros quase vazia.

Mulher, até hoje não soube

Porque me é impossível distinguir

A diferença simples das coisas,

Que só sou um homem

Caido de costas no barro

Por estar imperceptívelmente

Impressionado com a fome

E amar as coisas mais humildes.

Mulher, que te disse, que me fizestes

Que agora tenho nos lábios

Um sabor mais certo que a vida ?

Talvez hoje pudesse falar-te

De tôdas estas coisas que sabemos

E calamos, porém uma criança me espera

E no momento mais ferido do TEU pranto

Eu tenho as minhas mãos vazias a " TUA sêde"

2007/04/07