FOLHAS MORTAS
FOLHAS MORTAS
Folhas espalhadas ao vento,
Voam pra lá e pra cá,
No farfalhar triste lamento,
De gritos altos aqui e acolá.
Assim caminha o meu espírito,
Como folhas de outono,
Perdidas a esmo no infinito,
A vagar no mundo do abandono.
Hoje sou folhas mortas,
Que vive a mercê da sorte,
A espera que abra outras portas,
Antes do dia da morte.
Sofrer é o meu dia a dia,
Embarcado no barco da ilusão,
Sem nenhuma luz, que me irradia,
Sufocado à procura de um clarão.
À sombra negra me apavora,
Como folhas secas meu corpo rola,
Por antecipação vejo a triste hora,
O meu corpo do espírito como um raio se isola.