CORRENTES DO INEXPLICÁVEL
O sono custou-me a chegar.
Os acontecimentos vividos nos últimos dias, puseram-me a pensar.
Rasguei a vontade de alguém; vi o retrato fiel do rosto alheio num espelho que jamais imaginei.
Guardamos passado...Somos passado. Ações trancafiadas nos cofres do tempo.
Passageiros nos vagões dos trens de cada nova vida que chega e passa e pára em cada nova estação.
Novos horizontes... novas vontades...mesma ALMA!
E é nesse vagão atual que meu espírito baila, flutua e às vezes se prende.
As correntes do inexplicável são pesadas. Arrastá-las é difícil...cortá-las seria o ideal.
ME PERGUNTO: para que a luz se o universo todo é um espelho; se os olhos enxergam além de si.
Se do chão brotam flores, brotam imagens e brota o medo...
Se há toques sutis e não vistos; e imagens vistas e não sentidas!
Se há o roubo da razão num instante de” visão “.
Se o “EU” solitário e solidário se perde na confusão dos pensamentos que se contradizem.
Se há o desespero da vontade do entendimento no piscar dos olhos que olho, mas não os enxergo.
Se há a alegria triste no sorriso virgem,maculado por outra boca.
Se de dia há o rosto desvestido do anjo que a noite diabolicamente o enfeita.
Se há a infância arrastada num lamaçal de porquês...
Se há pensamentos forjados encardindo água tão limpa.
Se Não há lembranças...Há o ontem apagado no mata borrão de cada madrugada.
Mas há o dia... todo o novo dia que se apresenta para ser diferente
E... continua igual!
Dois espíritos habitando um só corpo...
Um só corpo, a guardar duas sombras!