Terceira Palavra
Na intimidade da noite
Nada se fala sobre isso, porém
A voz repete e cresce a cada palavra :
" Mulher eis ai o teu Filho. "
E é por nós que ÊLE tem
Sua voz humanamente ferida;
Por minha vida inseparável
De teu corpo adormecido,
Por nossa conversa
Repetida até o cansaço
De medo a encontrar-nos.
Uma vez te disse, que é muito facil mentir
Quando se quer, que tôdas estas coisas
Sejam como nós, e a vida,
Que apenas em si tem importância;
Então não sabes, que um dia
Chegaria o filho, a pedir a carícia
Irenunciável, de tuas mãos,
De tuas mãos que esta noite
Se arrependem de haverem sido femininas.
As vezes aprendemos um evangelho deturpado
Nas pedras de cada aurora,
E a meia-noite, nós criamos
Um habitante em cada passo.
E não me negues, mulher, quando o filho
Chegar com gesto mais humano,
Que estas coisas cotidianas.
Então será minha alma
Um completo suburbio
De outra Sexta-Feira Santa.
2007/04/06