Festa no Mausoléu.
A luz da vela tão solitária
Assim se revela aos olhos carnais
Em porte sereno sempre mantendo
Sombras apartadas por trás dos umbrais.
Também há solidão no ataúde ornado.
Um alguém, o defunto. Aparte os outros...
Os vivos! Comovidos, mas, ao largo. Tremendo!
__Ninguém, quereria estar aqui comigo...
Ou, lhe diz: vamos, vamos juntos...
Mesmo paramentado e tudo de graça
Em novo além, entre, rosas e cravos,
Crisântemos, jasmins, belo terno, coisas afins...
A quem interessa obscuros confins?
E pensar que em dias à tosca alegria
Da vida se ardia em mim à chama
Qual vela altiva, pálida, hirta e esguia.
Indo-se do calor em borra fria.
Embora nostálgica, viver era festa,
Bem diferente desta do mausoléu
Interlúdio mórbido. Inferno e céu.
De tudo, luz é o pouco que nos resta,
Nada mais havendo então por fazer
Que Mais importa? Finar-se em borra!!!
Todos aqui hão de morrer...
Aqui se vão, no vão que dá a porta.
Implica ao vivo que se morra.
No instante então, derradeiro
Implica-lhes dizer sem desdém
Que irradia a luz de vela,
Muito mais que os olhos, veem...
Invadindo nossas janelas
Essa luz n’outro além,
Ao Impregnar nossa alma
É a luz do sol, amém.