VARIAÇÕES
Tantas vezes fiquei ali absorta
Parada, num total alheamento
De mim esquecida, semimorta
Sem ter para isso argumento
Tantas vezes renasci do nada
Ressurgindo leve como a pluma
Com o encanto de uma balada
Num denso mistério de bruma
Tantas vezes não sinto o pulsar
Porque vida, não tenho em mim
Até que no peito sinto abrasar
E uma chama viva, brota enfim
Tantas vezes na vida que vivo
Tão cheia de amargo frenesim
Com arestas de pico agressivo
Pasmo, como aguento vida assim!
Irene Conde