DÚVIDA CRUEL
Sinto que vem no vento...
na chuva, no som estrondoso do trovão,
cortando o céu na escuridão.
Sinto que tu bates no telhado,
na janela, no portão,
no pensamento de um homem
desgarrado do seu rebanho irmão.
Sinto que invades meus sonhos,
tornando-o em pesadelos...
Criando tormento no pensamento
como se fosse um tufão...
Jogando para lá e para cá
uma pequena embarcação.
Antiga!
Indesejada e raramente aceita,
fujo e me escondo,
e quando penso que me libertei...
Repentinamente me enfrenta
face a face!
Tu voas como um gavião ao vento,
cortando o firmamento...
De tu ninguém se escondes,
pois cada um
há de encontrá-la um dia.
E que nas suas asas
venha um anjo bom,
e em seus braços angelicais
embale tão fraco ser
que há de encará-la
como tu encaras...
Friamente!
Frente a frente.
Face a face.