MEU SERTÃO.
Fui caçado pelos macacos
Para eles eu era um fora da lei
Mas para meu povo e meu bando
Eu era mais do que um rei
Tinha a minha lei dura
Cabra ruim ali não ficava
Se abusasse de alguma donzela
Ou casava ou se danava
Era ruim, mas era bom.
Era como aquele tal de Moisés
Olho por olho, dente por dente.
Ninguém podia dever um conto de réis
Mas nem toda justiça que fazia
Era justa mesmo de verdade
Muitas vezes usava era mesmo
Um bucado do meu orgulho e vaidade
Quem ousava desafiar o rei do sertão
De bala ou peixeira levava um furo
Onde já se viu afrontar o capitão
E continuar andando ledo e seguro
Fui rei lá no meu bando
Lá naquele rude sertão
Agora vejo que muito errei
Diminuindo a luz do lampião
Já faz muito tempo que passei
Por esta vida de muitos enganos
E de tanto observar deste outro plano
Algumas coisas terei que consertar
Dizem que a vida atrás não volta
Mas agora sei que posso reencarnar
Vivendo de novo sem revolta
Querendo mesmo melhorar
Desejo que em breves dias
De novo esteja lá no meu sertão
E que possa voltar a ser
O capitão Virgulino Ferreira, o lampião.
Só que nesta outra oportunidade
Não seja o homem mais temido
Mas aquele que levará amor e abrigo
E o que aprendeu com Jesus nosso irmão!