Assim que meus olhos abriram-se quando das águas emergir
o céu azul, onde nuvens brancas assentavam-se, abriu-se diante meus olhos...
Me vi pescador sem rede...Meu barco negro perdeu-se em alto mar....
À deriva, o trono branco passou ter menos sentido para minha vida...
Que amor cruel e que destino torpe reservado para os filhos de teu seio...
Amar-te por obrigação, foi mais do que podia suportar meu coração...
A recompensa das riquezas e da eternidade em adoração...Fatigou-me
e o deus em mim rebelou-se...Em revolta fui tudo o que desprezei...
Tua mão de ferro, teus olhos de vingança para os filhos rebeldes de tua santa grei!
Tantas e tantas noite eu chorei...
A voz do vento calou-se e eu tremi em tormento!
Não há céus e não há mares, estrelas e nenhuma beleza que se compare
com a inocência do amor que gota a gota de minh'alma se esvaia...
Quanto mais mergulhava em mim, mais e mais eu me perdia
Quanto mais o céu contemplava, mais e mais para longe do Senhor eu seguia!
Quanto mais eu subia pelas paredes lisas do poço escuro, mais e mais meu espirito caia...
Quem me viu de pé, não soube ler em meus olhos, a tristeza do homem morto em sua fé!
Fardos e mais fardos foram sobre meus ombros jogados...
Santidade, respeito, lealdade, firmeza, destreza, justiça...Bondade, maldade!
E eu tive pena de mim...
Então eu segui nas asas do vento rumo aos céus, parei diante o trono branco
e ele estava tão vazio quanto meu espirito...
Pois o Senhor não assenta-se em trono, por nuvens, sustentado...
Ele vive em meu coração, ferido e machucado por meus desvairos
Vive dentre os homens, no riso do alegre e no choro do infeliz
Na força dos guerreiros e no tombo dos fracos...
Deus é meu animo e meu cansaço...
Minha paz e minha guerra...
O que tenho e o que não tenho
O passado e o nascer de uma nova era...
Em tudo, em todos...
Criador e criatura...Um em um...em carne e espirito
em ódio e em amor
em paz e em furor...
No perdão e no rancor!
Quem sou eu, é quem será o Deus que carrega o fardo de Criador!