Abaixo a impessoalidade
Mil e uma razões para desistir
E um sorriso faz você seguir em frente.
Da face contraída para os lados
Surge uma força de repente.
Ninguém é obrigado
A dar "bom dia".
Por isso, amigo, sorria
Ao receber um "bom dia"
Desobrigado.
As pessoas caminham e nem se olham -
Nem ao menos um olhar!
Vagas, rápidas, mudas...
Nas ruas, a solidão do mar.
Veja bem, quanta felicidade
Nos cães que se conhecem.
As pessoas nem se falam...
As pessoas desconhecem
Qualquer afinidade.
Ah! Amigo... Não vejo graça
No desenvolvimento sem afetos.
Será neblina? Será fumaça?
Por que não se falam?
Diferentes dialetos?
Por que se calam?
Dizeres incompletos...
As pessoas nunca estiveram
Tão aproximadamente distantes
E sós.
Passos vagos, errantes...
Nenhum motivo em nós
Para sorrir
Se somos sós
Num vago existir.
Clichês só são clichês
Porque são verdades.
Não devem ser ignorados,
Respeitados mais uma vez
Pelas felicidades
Dos já distanciados.
Sorria como um cachorro...
Cante como uma ave...
Grite como quem pede socorro...
Faça um carinho suave
Num sofrido cachorro
Que desceu de uma nave
De um extraterrestre
Como um grande mestre
Vindo de um combate
Como um grande vate
Que previu a crise americana
Para sorrir de forma insana
Sem capital na conta:
Sendo feliz sem fazer de conta...
A felicidade sem começo
Não tem preço...
É uma inatividade
Viver sem afinidade,
Sem real felicidade
Sem nenhuma amizade...
Atroz radiotividade
D'uma vil realidade
Nas tranças da modernidade!